sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Guerra ao fumo

Os males do cigarro

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) começou ontem a medir os níveis de monóxido de carbono oriundos da fumaça de cigarro em bares e restaurantes da Asa Sul. O trabalho faz parte do Estudo de Monoximetria Ambiental, patrocinado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que será feito também nas cidades de São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).

Além de avaliar a qualidade do ar dos estabelecimentos, a pesquisa vai examinar a concentração da substância no corpo dos trabalhadores dos locais visitados.A coleta de dados começou na noite de ontem, na 403 Sul. Os técnicos da secretaria visitarão 50 estabelecimentos, nas noites de quinta-feira a sábado, e pretendem avaliar 250 trabalhadores.

Durante a pesquisa, serão usados dois aparelhos para verificar os níveis de monóxido de carbono nos ambientes fechados e abertos, bem como nos funcionários. A auditora de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde Mônica Mulser Parada explicou que o objetivo do estudo é avaliar o nível de contaminação por poluição tabagista e os riscos da exposição ao tabaco.

Mônica detalhou que a fumaça do cigarro contém 4.700 substâncias tóxicas e, dessas, 80 causam câncer. “O monóxido de carbono diminuiu o nível de oxigenação no sangue porque é uma substância que se agrega às hemácias e pode levar até 48 horas para voltar ao normal. Além disso, os fumantes aspiram apenas 15% da fumaça produzida e os outros 85% se misturam ao ar.

Esse é dos maiores fatores de poluição ambiental urbana”, completou.CuidadosO garçom Roberto Carvalho, 31 anos, é fumante, mas se sente incomodado por aspirar a fumaça do cigarro dos clientes do bar em que trabalha.

Carvalho, que há 13 anos tem a mesma profissão, acredita que a pesquisa da Secretaria de Saúde é positiva e pode trazer benefícios para a categoria e à população. Segundo ele, seria necessária a proibição de se fumar em bares e restaurantes, mesmo em espaços abertos. “Tenho o cuidado de não fumar perto do meu filho e da minha esposa”.

No bar, os fumantes sempre conseguem os melhores lugares e acabam incomodando quem não gosta de cigarros”, completou. A estudante Natália Esteves Tabajara, 24 anos, é fumante e se sente vítima de preconceito por fumar em bares e restaurantes.

Segundo Natália, ela toma o cuidado de se sentar em lugares abertos e o mais próximo da rua para que a fumaça não incomode outras pessoas ou até quem a acompanha. “Acho que todo estabelecimento deveria ter uma área especial reservada para fumantes. Dessa forma, os problemas seriam muito menores”, disse.

O estudante Felipe Vilela, 22 anos, também acredita que os fumantes deveriam ter uma área reservada. “Não sou fumante, mas quem fuma é discriminado.”

Proibição

A Lei Federal nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, prevê a proibição do fumo em recintos fechados. Antes, a lei brasileira permitia o fumo desde que houvesse ambientes específicos. Algumas leis estaduais já haviam proibido o fumódromo. Desde que foi publicada, a restrição vale para todo o território nacional.

Roberto Carvalho, garçom, diz que não fuma perto do filho e da mulher. (Texto e Foto: "Correio Braziliense")

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