Djalma Santos 80 anos: uma relação com o futebol que o tempo não apaga
Aniversariante desta sexta, bicampeão mundial mantém boa forma que marcou carreira. Manhãs de domingo reservadas para partidas com amigos
Marcelo Monteiro Rio de Janeiro
O sonho de todo jogador de futebol é disputar uma Copa do Mundo. Mas somente alguns profissionais conseguem concretizar este desejo. Jogar uma final de Mundial, então, é um privilégio para poucos. Ser campeão, nem se fala. E ser convocado para uma Copa, participar da decisão, conquistar o título e ser eleito o melhor do torneio na posição?
E isso disputando apenas uma partida - exatamente a final? Impossível? Quase. Essa honra cabe a apenas um atleta, que completa 80 anos nesta sexta-feira, 27 de fevereiro. O nome deste craque está inscrito para sempre entre os melhores jogadores de futebol de todos os tempos: Djalma Santos.
E nem a idade consegue afastar o agora octagenário da atividade que o consagrou. Semanalmente, nas manhãs de domingo, o bicampeão mundial em 1958 e 62 bate a sua bolinha com os amigos no Country Clube de Uberaba, cidade mineira onde vive. "Ainda jogo um pouco. Para não enferrujar. Se não, fica ruim, não é?", brinca, em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.
A boa forma física, ainda presente no senhor nascido no dia 27 de fevereiro de 1929, em São Paulo, foi uma característica marcante do profissional. Que encerrou a carreira somente aos 41 anos, no Atlético (PR). O Rubro-Negro do Paraná foi apenas o terceiro clube da trajetória de 22 anos do lateral-direito nos gramados. Durante dez (de 48 a 58), vestiu a camisa da Portuguesa de Desportos. Em seguida, também por uma década (58-68), defendeu as cores do Palmeiras.
Títulos foram uma constante. Deu voltas olímpicas nos três clubes.
Mas Djalma Santos marcou seu nome na história do futebol mundial com as atuações com a camisa da Seeleção Brasileira. Que fizeram seu nome figurar em diversas listas de selecionados dos melhores de todos os tempos.
O lateral-direito participou das quatro Copas do Mundo realizadas entre 1954 e 66. E vestiu a camisa do Brasil em 98 partidas oficiais, um recorde na época. Durante 16 anos (52 a 68).No Mundial disputado na Suíça, foi titular e teve a responsabilidade de cobrar o pênalti favorável ao Brasil nas quartas-de-final contra a Hungria. Converteu a penalidade, o que acabou sendo insuficiente para a equipe sair vitoriosa da "Batalha de Berna" (4 a 2 para os húngaros).
Quatro anos depois, desembarcou na Suécia como reserva do são-paulino De Sordi. Assim permaneceu até dois dias antes da decisão contra os donos da casa. Quando foi avisado que o titular não teria condições de disputar a final. E que ele entraria em campo.
"Logicamente, (que houve) impacto no primeiro aviso. Fiquei meio indeciso. Conversei com o De Sordi. Ele me disse que não tinha jeito mesmo de jogar", lembra. A surpresa logo se transformou em tranquilidade. E em uma excelente atuação na goleada de 5 X 2 sobre os suecos. Que valeu a inclusão do seu nome na seleção da Copa, formada por jornalistas que cobriram o Mundial.
"Para mim, foi uma surpresa. Só disputei uma partida só. À noite, saiu a escalação. Estava lá: Djalma Santos. Quem escolheu foram os meus amigos ", afirma, com humildade.
Djalma Santos representou o Brasil na seleção da Fifa, que enfrentou a Inglaterra em 63
Em 62, com 33 anos, não deu chance para os outros laterais-direitos do país e foi titular do início ao fim da Copa realizada no Chile. Um ano depois, a sua qualidade técnica foi reconhecida com uma convocação para seleção da Fifa que enfrentou a Inglaterra em um amistoso em Wembley.
Apenas ele e Pelé foram os brasileiros chamados para compor o time que contava com craques como Di Stefano, Eusébio, Yashin, Puskas, Masopust, Gento. Machucado, Pelé não pôde atuar. E Djalma Santos foi o único representante do país a entrar em campo.
Quatro anos depois, voltou à Inglaterra para disputar o Mundial de 1966. Mas, aos 37 anos, nem mesmo o jogador que virou sinônimo de boa forma física conseguiu superar os efeitos do tempo. "Já estava com uma idade avançada. Não era nem para eu ter ido. Existiam jogadores que poderiam render mais do que eu", reconhece.
Aos 39 anos, despediu-se da seleção em 9 de junho de 1968, na vitória brasileira sobre o Uruguai por 2 a 0, pela Copa Rio Branco. Uma homenagem ao craque, que antes do intervalo, entregou sua camisa a Carlos Alberto Torres, que ocuparia sua posição na Copa de 70.
Aquele foi o último capítulo do 'velho' lateral na seleção. Mas a relação de Djalma Santos com o futebol já estava eternizada na história. Um relacionamento que permanece mesmo com a chegada dos 80 anos.
Na seleção, Djalma Santos atuou durante 16 anos. E formou uma dupla famosa com Nilton Santos. Dois dos melhores laterais de todos os tempos
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário